Por Marília Marcucci
Toda vez que canto com meus cantores preferidos ou divido meu pensamento com um poema, sinto os autores da obra tão vivos nesta vida que chego a dividir minha casa com eles. Já bebi litros de whisky com Vinícius e Elis no quintal de casa e passei noites em claro com Drummond e Cabral ao mesmo tempo. Na semana passada foi Guimarães. Depois de assistir à peça “Eles estavam lá...” no teatro Rib Cena, não consegui dormir enquanto não coloquei “Primeiras estórias” na cabeceira da cama. Dormia lendo o livro e acordava vendo a peça à noite inteira entre o sono e os sonhos. Esta noite foi Drummond. Eu sabia que o dia nasceria com seu aniversário e estava ansiosa para comemorar. Então, já que acordei às 4h30 da manhã, resolvi levantar e procurar seus poemas. Tentei “escolher” um “preferido”, porque “tendo um preferido”, poderia focar minha homenagem ao poeta. Mas, não conseguia. Estava romântica demais e o meu olhar só via “As sem-razões do amor”. Nunca gostei de poemas românticos! Por que escolheria justo esse poema? Sempre gostei de metalinguagem, temas políticos, questões filosóficas, menos de romance para poesia... Mas quem disse que amor não é questão filosófica ou metalinguística? Ri de mim mesma e resolvi aceitar minha escolha. Afinal, é o estado da gente que determina a escolha e “As sem-razões do amor”, sabendo disso, vinham vestidas de romance só para chamar minha atenção, mas no fundo, queriam dizer outras tantas coisas, inclusive sobre o motivo das visitas drummondianas em plenas noites de sono:
Toda vez que canto com meus cantores preferidos ou divido meu pensamento com um poema, sinto os autores da obra tão vivos nesta vida que chego a dividir minha casa com eles. Já bebi litros de whisky com Vinícius e Elis no quintal de casa e passei noites em claro com Drummond e Cabral ao mesmo tempo. Na semana passada foi Guimarães. Depois de assistir à peça “Eles estavam lá...” no teatro Rib Cena, não consegui dormir enquanto não coloquei “Primeiras estórias” na cabeceira da cama. Dormia lendo o livro e acordava vendo a peça à noite inteira entre o sono e os sonhos. Esta noite foi Drummond. Eu sabia que o dia nasceria com seu aniversário e estava ansiosa para comemorar. Então, já que acordei às 4h30 da manhã, resolvi levantar e procurar seus poemas. Tentei “escolher” um “preferido”, porque “tendo um preferido”, poderia focar minha homenagem ao poeta. Mas, não conseguia. Estava romântica demais e o meu olhar só via “As sem-razões do amor”. Nunca gostei de poemas românticos! Por que escolheria justo esse poema? Sempre gostei de metalinguagem, temas políticos, questões filosóficas, menos de romance para poesia... Mas quem disse que amor não é questão filosófica ou metalinguística? Ri de mim mesma e resolvi aceitar minha escolha. Afinal, é o estado da gente que determina a escolha e “As sem-razões do amor”, sabendo disso, vinham vestidas de romance só para chamar minha atenção, mas no fundo, queriam dizer outras tantas coisas, inclusive sobre o motivo das visitas drummondianas em plenas noites de sono:
As sem-razões do amor
(Carlos Drummond de Andrade)
Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
Parabéns Drummond pelo seu aniversário! Visite-me sempre quando quiser. Já nem sei mais quem escolhe quem. Se eu escolho você ou se o seu poema me escolhe. Só sei que de mim, você entende muito!
Que homenagem linda que você fez a Drummond com este texto Mary, tão sincero. Epifânico!
ResponderExcluirPara sempre Carlos Drummond de Andrade.
Má, o seu texto é belíssimo. Casou-se perfeitamente. E destruiu o meu pessimismo sempre latente: Uma flor nasceu/paralisem o trânsito...
ResponderExcluirAmei!!
ResponderExcluirA sua visita acompanhada do Drummond, fez minha manhã de terça muito mais gostosa!
Obrigada, Marília, minha querida!
Visite-me também sempre que quiser. Traga seus amigos. São sempre bem vindos!
Um beijo enorme de quem muito te adora,
Cami